China: por que funcionários que fabricam iPhones no país estão protestando

BBC Brasil – Vídeos postados na internet mostram um protesto que aconteceu na quarta-feira (23/11) de centenas de trabalhadores na maior fábrica de iPhone do mundo, localizada na cidade chinesa de Zhengzhou e de propriedade da empresa Foxconn. Cerca de 200 mil pessoas trabalham no local.

Nas imagens, é possível ver que policiais e pessoas em trajes de proteção tentam conter as manifestações com violência. Em outras, pessoas que tomaram parte nos atos são vistas quebrando câmeras de vigilância e janelas.

Um funcionário que começou a trabalhar recentemente na fábrica disse à BBC que os trabalhadores estavam protestando porque a Foxconn havia “mudado o contrato prometido”.

A Foxconn, fornecedora da Apple, mudou o tom da quarta-feira para quinta e emitiu um novo comunicado em que pede desculpas por “erro técnico” em seu sistema de pagamentos.

No dia anterior, a empresa taiwanesa disse que cumpriria o pagamento com base no que diziam os contratos.

Outro motivo para os protestos, segundo relatos, é que pessoas recém-contratadas temiam contrair covid de funcionários que estiveram nos alojamentos da fábrica durante o surto anterior.

No mês passado, o aumento de casos de covid fez com que a unidade fosse fechada para isolamento, levando alguns trabalhadores a fugir do local e voltar para casa. A empresa então recrutou novos funcionários com a promessa de um bônus generoso.

Imagens transmitidas ao vivo por um site mostram trabalhadores gritando: “Defenda nossos direitos! Defenda nossos direitos!”.

“Eles mudaram o contrato para que não pudéssemos obter o subsídio como haviam prometido. Eles nos colocam em quarentena, mas não fornecem comida”, diz um funcionário da Foxconn durante a transmissão.

“Se eles não atenderem às nossas necessidades, continuaremos lutando.”

A pessoa no vídeo também afirma ter visto um homem “gravemente ferido” após ser agredido pela polícia.

Outra pessoa que acabou ser integrada ao quadro da empresa disse à BBC que viu “um homem com sangue na cabeça caído no chão” durante o protesto.

“Eu não sabia o motivo exato do protesto, mas estão misturando os novos trabalhadores com os antigos trabalhadores que deram positivo [para covid]”, disse ele à BBC.