A startup norte-americana Colossal Biosciences divulgou nesta semana ter recriado três lobos-terríveis, animais pré-históricos que estão extintos há 12 mil anos. A empresa disse ter revertido a extinção da espécie através da manipulação genética, porém alguns cientistas discordam dessa afirmação.
O DNA dos lobos-terríveis foi extraído a partir de um dente de 13 mil anos e de um crânio de 72 mil anos atrás pertencentes à espécie e preservados em um sítio de piche. Após examinar o genoma destes animais extintos, a Colossal modificou os genes de lobos cinzentos (o parente mais próximo vivo dos lobos-terríveis) para se assemelhar a esse DNA antigo.
Apenas 20 edições em 14 genes do lobo cinzento foram necessárias para recriar o DNA do terrível, e essas poucas mudanças deram aos filhotes – Rômulo, Remo e Khaleesi – um tamanho maior, ombros mais fortes, cabeça mais larga, dentes e mandíbulas maiores, pernas mais musculosas e os uivos característicos de seus ancestrais.
O DNA que, de fato, pertenceu aos lobos-terríveis da pré-história não foi inserido no genoma do lobo cinzento, ele foi usado como modelo a ser replicado.
O paleoecologista da Universidade de Otago, Nic Rawlence, se manifestou sobre o anúncio em suas redes sociais: “Este não é um lobo terrível. É um lobo cinzento com características de lobo terrível, um ‘híbrido’.”
Em entrevista à BBC, ele explicou melhor sua afirmação e disse que o DNA extraído de restos fossilizados é muito danificado para ser confiável em termos de servir como modelo.
“DNA antigo é como se você colocasse DNA fresco em um forno de 500 graus durante a noite”, disse ele à BBC. “Ele sai fragmentado – como cacos e poeira. Você pode reconstruí-lo, mas não é bom o suficiente para fazer alguma coisa com ele.”
“O que a Colossal produziu é um lobo cinzento, mas ele tem algumas características de lobo-terrível, como um crânio maior e pelo branco”, acrescentou.
A paleoecologista Jacquelyn Gill, da Universidade de Maine, também defendeu que não é possível dizer que a espécie voltou da extinção, em entrevista à Scientific American.
“Este é um lobo cinzento geneticamente modificado”, disse ela à Scientific American. “Tenho mais de 14 genes neandertais em mim, e não me chamaríamos de neandertal.”
Fonte: CNN Brasil
Relacionadas
Advogada cai de bicicleta e está há mais de 4 meses em coma
Morre vice-presidente da Fiocruz Marco Aurélio Krieger
Menino de 9 anos salva irmã de 1 ano engasgada com pedaço de batata